1 de outubro de 2013

Insomnia

Setembro chegou e foi-se, assim, num ápice, saindo fininho pelos bastidores. Puff! De repente, desapareceu, escoando-se-me por entre os dedos invisíveis que marcam o calendário. Assustam-me estes dias que vão e vêm, assim, rápidos, ao sabor de um vento acelerado, com pressa em virar os dias, como se de folhas secas se tratassem. A vontade renova-se mas o ânimo desacelera. Há um querer constante em fazer sempre mais e melhor. Há uma vontade inabalável de superar o dia de ontem, de me superar a mim mesma. Mas sempre mais velha, sempre a sentir os dias a escoarem-se-me por entre os dedos, o relógio a fazer tic-tac, os dias a passar, a idade a avançar. O tempo, essa máscara vil da morte que se aproxima e antecipa, nunca acaba, nunca deixa de passar, nunca perdoa... Acompanho-te como posso, ao sabor dos dias desenfreados, por vezes desconexos e desprovidos de sentido, por vezes tão calmos e preenchidos de momentos doces e inteiros, tão inteiros que por vezes sinto não me caberem no coração. A felicidade também é isto, um misto de insegurança, alegria polvilhada de tristeza e paixão disfarçada de angústia. O prazer de viver no momento, associado à ansiedade de querer constantemente antecipar o futuro. Faltam-me bocadinhos de lucidez para conseguir lidar com isto tudo. Faltam-me a calma e a energia tranquila de quem tem uma fá inabalável no resultado final. Falta-me aceitar com tranquilidade que o destino não está nas minhas mãos e que eu sou apenas uma marioneta dos seus desígnios. Ao fim do dia, respiro. Faço uma retrospectiva do que fui. Este simples exercício acalma-me as ânsias. Acordo renovada e sempre crente de que este vai ser um dia melhor. Bem vindo Outubro e todos os dias do resto das nossas vidas. Cá vos esperamos com a certeza de que o tempo, tal como um amante traído, não perdoa.
 
(texto escrito às 04:45 do dia 28 de Setembro de 2013)

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