Setembro chegou e foi-se, assim, num ápice,
saindo fininho pelos bastidores. Puff! De repente, desapareceu, escoando-se-me
por entre os dedos invisíveis que marcam o calendário. Assustam-me estes dias
que vão e vêm, assim, rápidos, ao sabor de um vento acelerado, com pressa em
virar os dias, como se de folhas secas se tratassem. A vontade renova-se mas o
ânimo desacelera. Há um querer constante em fazer sempre mais e melhor. Há uma
vontade inabalável de superar o dia de ontem, de me superar a mim mesma. Mas
sempre mais velha, sempre a sentir os dias a escoarem-se-me por entre os dedos,
o relógio a fazer tic-tac, os dias a passar, a idade a avançar. O tempo, essa
máscara vil da morte que se aproxima e antecipa, nunca acaba, nunca deixa de
passar, nunca perdoa... Acompanho-te como posso, ao sabor dos dias
desenfreados, por vezes desconexos e desprovidos de sentido, por vezes tão
calmos e preenchidos de momentos doces e inteiros, tão inteiros que por vezes
sinto não me caberem no coração. A felicidade também é isto, um misto de
insegurança, alegria polvilhada de tristeza e paixão disfarçada de angústia. O
prazer de viver no momento, associado à ansiedade de querer constantemente antecipar o
futuro. Faltam-me bocadinhos de lucidez para conseguir lidar com isto tudo.
Faltam-me a calma e a energia tranquila de quem tem uma fá inabalável no
resultado final. Falta-me aceitar com tranquilidade que o destino não está nas
minhas mãos e que eu sou apenas uma marioneta dos seus desígnios. Ao fim do dia, respiro. Faço uma
retrospectiva do que fui. Este simples exercício acalma-me as ânsias. Acordo
renovada e sempre crente de que este
vai ser um dia melhor. Bem vindo Outubro e todos os dias do resto das nossas
vidas. Cá vos esperamos com a certeza de que o tempo, tal como um amante traído,
não perdoa.
(texto escrito às 04:45 do dia 28 de Setembro de 2013)
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