Não sou. Mesmo. Não reajo bem a surpresas, não sei como reagir e, principalmente, nunca reajo da forma que as pessoas que me surpreendem esperavam que eu o fizesse. É uma das minhas principais características e quem me conhece bem, já o sabe. Eu já aprendi a viver com isso. Sou assim, já não há nada a fazer, nunca o escondi…
Demoro tempo a processar as coisas, não gosto de ser apanhada na curva e nunca consigo reagir com a espontaneidade “exigida” (pelos outros, claro!) quando sou surpreendida. Antigamente, isto era um problema enorme para mim. Era frustrante ver a cara de desânimo das pessoas e, por muito que tentasse corresponder às expectativas dessas mesmas pessoas, simplesmente não conseguia. Agora, e já há muito tempo, deixou de ser um problema. Pelo menos, para mim.
E, portanto, não esperem que eu fique feliz e aos pulos de contentamento quando chego a casa, mais tarde do que era suposto, cansada, totalmente de rastos e sem paciência para o que quer que fosse, e me deparo com uma filial da Lusomundo na sala de estar. Apenas porque a pessoa com quem vivo, impulsiva até mais não (arghhh), decidiu fazer um investimento tão gigante quanto o ecrã em questão, sem sequer ter tido a sensibilidade de pedir a minha opinião. Fiquei fula, pois claro que fiquei! E não reagi bem à surpresa. E o G. ficou com olhos de carneirinho mal morto, pois ficou. Eu até acredito que esta decisão tenha sido tomada com a melhor intenção do mundo, mas comigo as coisas não funcionam assim. E magoou-me o facto de não ter sido uma decisão conjunta. Porque é uma coisa importante. E eu acho que as decisões importantes têm de ser tomadas em conjunto.
Eu pondero (às vezes até demais, admito), comparo, analiso, faço contas e mais contas. Ele, pelo contrário, atira-se de cabeça e pensa no resto depois. Somos totalmente diferentes neste aspecto. E eu sei que ele é um querido, que é… but I’m not a surprise person.